terça-feira, 29 de setembro de 2015

25 Questões ao Criador - Conhecendo melhor... Nuno Nepomuceno (Entrevista)

Biografia:

   Nuno Nepomuceno nasceu em 1978, nas Caldas da Rainha.
   É licenciado em Matemática pela Universidade do Algarve e reside na região Oeste.
   No ano letivo 2000/2001, recebeu o Prémio do Senado da Universidade do Algarve para melhor média final de curso e a Bolsa de Estudo por Mérito.

     Em 2003, ingressou na empresa NAV E.P.E. - a prestadora de serviços de tráfego aéreo em Portugal.

    Até 2008, trabalhou na Torre de Controlo de Ponta Delgada, e atualmente, na do Aeroporto de Lisboa.
       Em 2012, venceu o Prémio Literário Note! com O Espião Português, o seu primeiro romance. É também autor dos contos «Redenção» e «A Cidade», este último incluído na coletânea Desassossego da Liberdade. A Espia do Oriente é o seu novo livro, o segundo da série Freelancer. Encontra-se a trabalhar na conclusão da trilogia, que em breve será publicada pela TopBooks.

(Biografia retirada do site oficial do autor: http://www.nunonepomuceno.com/)

Começo por deixar aqui o meu agradecimento ao Nuno por ter partilhado comigo os seus livros, por ter aceite responder a esta entrevista  e por toda a simpatia e sinceridade com que enfrentou este pequeno desafio.


Entrevista:

Dream Pages (D.P.): 1_Quando começou a escrever?
    Nuno Nepomuceno (N.N.): Há quinze anos. Fiz uma primeira incursão durante um período de férias da universidade, mas acabei por não a concluir. Voltei a tentar três verões depois, altura em que iniciei a redacção do manuscrito que mais tarde se veio a tornar em O Espião Português.

D.P.: 2_Em que contexto surgiu a trilogia "Freelancer"? Porque decidiu participar no concurso da Note!?
     N.N.: O desejo da escrita é algo que acalentava há imenso tempo. Quando a minha vida profissional estabilizou, há doze anos, decidi que iria fazer uma nova tentativa. Acabei por ficar bloqueado com apenas um terço do livro redigido e voltei a desistir. Dois anos mais tarde, alterei o tempo verbal e recomecei outra vez. Foi um processo longo, que se estendeu até 2011, altura em que terminei o livro. A partir daí, procurei uma editora. Achava que tinha uma boa história em mãos e queria publicá-la de forma a que chegasse ao público de modo abrangente. No fim desse mesmo ano vi o anúncio da Note!. Decidi concorrer e acabei por vencer. Foi durante essa época que comecei a escrever A Espia do Oriente. A ideia da trilogia foi algo que sempre tive desde o início. Foi assim que imaginei o que queria contar – em três estádios. O último volume será publicado em breve.

D.P.: 3_De onde vêm as suas personagens? Identifica-se com alguma delas?
     N.N.: André, o protagonista da trilogia, tem alguns pontos de contacto comigo, embora de forma marginal. Achei que seria mais fácil, tendo em conta que era a minha primeira experiência. As restantes personagens foram construídas em torno dele, ou do que desejava fazer com o livro. Também gosto muito de Anna, a heroína de A Espia do Oriente, por ser extremamente carismática, e de Elena, a vilã. Dá-me mais liberdade, porque não estou tão preso a um código moral convencional.


D.P.: 4_Como lida com as críticas ao seu trabalho?
     N.N.: Aceito-as com naturalidade. É impossível agradar a todas as pessoas. Eu próprio, enquanto leitor, também não gosto de tudo o que compro. Felizmente, o retorno que tenho tido de ambos os livros tem sido extremamente positivo, algo mais do que esperava, até, mas quando alguém faz reparos negativos, não é um problema, desde que não tenha o intuito de ofender de forma deliberada. O direito de expressão existe e deve ser utilizado.

D.P.: 5_O que sente quando escreve? O que lhe dá mais prazer na escrita? Qual é a maior dificuldade que sente quando está a escrever?
    N.N.: O que me agrada mais no acto de escrever é o poder viver e pensar como a personagem, ou seja, segundo o mundo de outra pessoa. Tento envolver o leitor, transportá-lo para o universo que estou a criar, colocá-lo a ver aquilo que eu imaginei. Esse é o meu maior prazer. Tocar e emocionar quem se encontra do outro lado. A maior dificuldade é manter o ritmo de trabalho. Não escrevo de forma tão regular quanto desejo.

D.P.: 6_Tem algum ritual de escrita? Visitou fisicamente todos os locais sobre os quais escreve, ou faz apenas pesquisa?
    N.N.: Normalmente, começo sempre por rever e muitas vezes reescrever o capítulo anterior antes de começar um novo. Também não escrevo se não tiver pelo menos três horas livres para o fazer. E é raro iniciar algo com uma página completamente em branco. Redijo algumas ideias, esboço outras tantas frases, visualizo o início e o fim, e só depois avanço.
No que concerne aos cenários que utilizo nos livros, a pesquisa que faço é mista. Conheço algumas cidades, para as quais viajei de propósito com o intuito de as incluir na trilogia. É o caso de Budapeste e Praga, por exemplo. Mas às vezes também acabo por recorrer a revistas de viagens e outra imprensa especializada, pois a acção decorre em alguns locais extremamente distantes e algo caros. É o caso do Dubai, ou da estância de inverno em Courchevel. E há ainda a gestão do tempo a fazer. Já escrevo de forma profissional e conciliar esta carreira com a outra que mantenho não tem sido fácil. Utilizo com frequência as férias do meu primeiro emprego para conseguir progredir de forma mais substancial no romance em que me encontro a trabalhar, razão pela qual a disponibilidade para viajar não é maior.

D.P.: 7_Para além de escrever, qual é o seu maior talento?
    N.N.: Perseverar. Acho que foi isso que me fez conseguir publicar a trilogia.

D.P.: 8_Considera a escrita uma necessidade ou um passatempo?
   N.N.: Conseguia viver sem escrever. Podia dizer o contrário para transmitir uma outra imagem de mim, mas é a verdade. Contudo, enquanto me der prazer, vou continuar a fazê-lo, porque gosto. E mesmo no início, quando comecei O Espião Português, nunca o encarei como um passatempo. Sim uma experiência, algo que queria tentar. Foi por isso que fiz três ensaios até chegar ao manuscrito final.

D.P.: 9_Prefere ler ou escrever?
   N.N.: É um misto de ambos. Eu comecei a escrever porque gostava de ler e queria saber como seria estar do outro lado, ter o poder de criar um imaginário, decidir o destino das personagens. Agora, já sei como é, mas o sentimento mantém-se. Escrevo e também leio, infelizmente não tanto quanto desejaria, dada a falta de tempo.

D.P.: 10_O que pensa que seria do mundo sem livros?
   N.N.: Extremamente aborrecido. A nossa imaginação é muito poderosa. É possível sorrir, chorar e viajar a ler um bom livro. Seria uma grande perda para a humanidade se não existissem.

D.P.: 11_Qual é o seu escritor favorito?
    N.N.: Daniel Silva. Considero-o o maior autor da actualidade dentro do género da espionagem e vejo a longevidade da série Allon como um exemplo.

D.P: 12_Qual é o seu livro preferido?
    N.N.: Os Pilares da Terra, de Ken Follett. É o romance histórico perfeito.

D.P.: 13_Houve algum livro que o tenha feito olhar o mundo de forma diferente?
     N.N.: O Estranho Caso do Cão Morto, de Mark Haddon. Apresenta o tema do autismo de uma forma extremamente divertida, mas ao mesmo tempo humana e sensível. É um livro que recomendo a qualquer pessoa.

D.P.: 14_Prefere o livro ou o filme?
    N.N.: Os livros são mais ricos, porque têm mais informação e descrição, mas há filmes muito bem feitos e interessantes. A minha memória é essencialmente visual. Retenho mais imagens do que nomes, por exemplo. Desde que tenham qualidade, gosto tanto de um, como do outro.

D.P.: 15_Qual é a sua música preferida?
       N.N.: Kissing a Fool, de George Michael. Fomos apresentados durante as minhas viagens entre Ponta Delgada e Lisboa, numa altura em que residi em S. Miguel. Apanhei-a a tocar algumas vezes durante o embarque, mas não sabia quem a cantava e não desisti até o descobrir. Tem algumas influências de jazz, que é um género musical que ouço pouco, mas que aplicado a este registo funciona bem. E a melodia é lindíssima.

D.P.: 16_Costuma ouvir música quando está a escrever?
       N.N.: Por vezes, sim, desde que o volume esteja baixo e não seja algo novo e que me desperte a atenção. Desconcentro-me com facilidade.


D.P.: 17_É fácil conciliar a escrita com o seu trabalho e a sua vida? Como é que um homem da ciência convive com a literatura e com a escrita?
    N.N.: Há dias bons e maus. Sinto-me abençoado por ter a oportunidade de ter duas carreiras das quais gosto bastante e que escolhi livremente. E isso torna os sacrifícios que tenho de fazer muito mais fáceis. Portanto, é só uma questão de equilíbrio, algo que também considero que deve existir na nossa formação. Sou licenciado em Matemática, mas, enquanto português que sou, tenho a obrigação de conhecer e utilizar correctamente a minha língua.

D.P.: 18_Qual é a sua citação favorita?
       N.N.: «A vida é como uma caixa de chocolates. Nunca sabemos o que vamos encontrar quando a abrimos.» (Forrest Gump, 1994)

D.P.: 19_Quem/Qual é a sua fonte inspiração?
    N.N.: Varia um pouco. Pode ser uma música, uma fotografia, algo que leio, um local, ou mesmo uma pessoa com quem me cruzo pontualmente. Tudo poderá despoletar uma imagem e isso é suficiente para mim. Por exemplo, o último livro da trilogia é inspirado num discurso de guerra de Winston Churchill.

D.P.: 20_Qual é o seu maior sonho?
      N.N.: Conseguir o respeito dos leitores.
  
D.P.: 21_Qual é o seu lema de vida?
      N.N.: Trabalhar. Acredito no valor do trabalho.

D.P.: 22_Sei que o último livro da trilogia está para breve. Planeia trabalhar em novos projetos? O que podem os leitores esperar para o futuro?
     N.N.: Sim, uma vez publicada toda a trilogia, o passo seguinte será iniciar um novo romance policial. Tratar-se-á de um livro sem qualquer espécie de continuidade, ou seja, isolado, onde espero manter a evolução que tenho feito. Para já, irei ficar dentro deste género literário durante alguns anos.

D.P.: 23_Onde podem os leitores adquirir os seus livros “O Espião Português” e "A Espia do Oriente"?
    N.N.: Em qualquer livraria, bem como o terceiro volume, cuja data de publicação deverá ser anunciada em Outubro. Já Desassossego da Liberdade, a colectânea de autores em que participei com o conto «A  Cidade», só através do site da Livros de Ontem.

D.P.: 24_Alguns conselhos para os novos escritores?
    N.N.: Que levem o seu tempo e não se deixem condicionar por pressões, mesmo quando auto-impostas. O mercado livreiro é muito exigente e complexo, e mais vale aperfeiçoar o que estão a escrever do que ceder à tentação de o apresentar de imediato às editoras.

D.P.: 25_E, por fim, qual é para si o maior segredo do Universo?
    N.N.: A felicidade. É o que todos desejamos.


Opiniões do blogue a obras de Nuno Nepomuceno:




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