quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Opinião sobre "Marca de Sangue" - Isabel Moreira Rego

Marca de Sangue
(Artigo de Opinião)


Autora: Isabel Moreira Rego
ISBN: 978-989-51-2925-6
Nº de páginas: 214
Editora: Chiado Editora


Sinopse


     O acontecimento de uma grande mudança deixou de afetar toda a humanidade. os vampiros modernos dos finais do século vinte trocam o sangue humano pelo sangue sintético. Uma criação em laboratório, de grande expansão mundial, comercializada pelos japoneses.

     Sarah Wilson é uma recente vampira empregada de mesa num bar, numa pequena aldeia, nas periferias da cidade de Pádua. trabalha no turno da noite. Esconde de todos os colegas que é uma morta-viva com medo de ser confundida com os vampiros sanguinários de séculos passados. para disfarçar a cor branca e transparente da sua pele. usa maquilhagem adequada ao seu anterior perfil de humana.

     Um dos colegas surgiu, distanciado dos outros, para a apoiar com a ajuda dos seus conhecimentos profissionais. Com a aproximação o humano, Rangello Giovanni, apaixona-se pela vampira Sarah.

    Aos poucos descobre-se, um pouco por todo o mundo, que o próprio sangue dos vampiros funciona nos humanos como uma das energias mais poderosas. É possível que os humanos ao aceitar os vampiros acabem por aceitar a sua própria extinção?



Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Chiado Editora em troca de uma opinião sincera


Opinião


     Fiquei atraída pela capa do livro e penso que esse foi o factor fundamental que me levou a escolhê-lo. Não foi o único: o título e a sinopse também são, de certa forma, cativantes, prometendo um livro de vampiros algo diferente daqueles a que já estamos habituados - se bem que o tema já foi tão aprofundado, que se pode tornar difícil inovar. No entanto, a capa, preta, com uma figura feminina cuja cor vermelha predomina, acaba por se tornar aliciante - embora possa ser questionável o facto de, com a capa que tem, o livro se encontrar na categoria infanto-juvenil. 

     Este livro foi-me enviado pela Chiado Editora - a quem agradeço - em troca de uma opinião honesta. E a verdade é que me desiludi com a história.

    "Marca de Sangue" conta a história de Sarah Wilson, uma rapariga americana que foi transformada em vampira aquando de um ataque da espécie à sua universidade, e que acabou por vitimar os seus pais. Ela e o seu "primo" Abel são adoptados por outra família, mas Sarah não se consegue adaptar à sua nova condição e acaba por fugir para que não descubram o seu segredo. Ela e o primo vivem um romance logo no início da história, o que cria indícios de um triângulo amoroso quando Sarah conhece Rangello Giovanni, mas que acaba por não acontecer.

     Em finais do século XX e inícios do século XXI, com o aparecimento do sangue sintético, os vampiros já não têm necessidade de consumir sangue humano. Mesmo assim, nem todos abdicam da chacina, e a espécie acaba por se dividir em dois grupos: Vampiros Sabbat dos Clãs Tzimisce - os que se alimentam do sangue humano; e os Vampiros Kindred dos Clãs Camarilla - que apenas se alimentam de sangue animal e sintético.

     Sarah acaba por ir para Itália, onde rapidamente consegue emprego num bar. Tudo nesta história acontece muito depressa e é pouco explorado. Ela conhece Rangello Giovani, que também é empregado no bar onde ela arranjou trabalho, e este percebe quase instantaneamente que ela é uma vampira. Oferece-lhe um quarto em sua casa e apresenta-a ao seu pai e a alguns ex-alunos da universidade onde ela andava, que também foram transformados no massacre. 

     A vida (ou, neste caso, a morte) de Sarah move-se em torno de uma vingança contra a vampira que a transformou, Ruth, e que é a "líder malvada" dos Sabbat dos Clãs Tzimisce; e com a sua própria tentativa de aceitação.

     Passa-se tempo e pouco acontece... Até que os vampiros conhecem George Santiago, o vampiro que mandava na área em que eles se encontravam, e os obriga a voltar para a América, para o estado de Massachusetts, onde Sarah vivia. Não se percebe bem por que razão ele os quer lá. Apenas são, por vezes, mencionadas algumas reuniões. 

   As revelações substanciais são feitas no final da história. É nessa altura que se fala verdadeiramente da marca de sangue, e que se percebe a sua importância na história. Muitas coisas continuam ainda por explicar, sendo que, provavelmente, serão esclarecidas no próximo volume, "Partilha de Sangue", que ainda não foi publicado.

    A história cita pormenores que são desnecessários e que nada contribuem para a qualidade da obra - as refeições de Rangello, por exemplo - e deixa por explorar vertentes mais interessantes e necessárias - como quem são os Clãs dos Vampiros, o que fazem... Nota-se a pressa da autora ao descrever as cenas que deveriam ser mais intensas, mas que acabam por perder o interesse pois são rápidas e pouco detalhadas, em contraste com situações mais aborrecidas, que por vezes são quase pormenorizadamente descritas. Fiquei com a impressão de que alguns pormenores eram ilógicos. A escrita deixa muito a desejar: muitos erros ortográficos e de sintaxe, excessivas repetições - a autora repete variadas vezes a mesma ideia, os personagens dizem diversas vezes a mesma fala -, e a leitura acaba por se tornar cansativa. No final, penso que fica uma sensação de vazio em relação ao livro.

     O lado sobrenatural é pouco desenvolvido. As características inerentes aos vampiros são quase esquecidas. 

     Outro aspeto de que não gostei, talvez aquele que até possa ser considerado o grande ponto fraco de "Marca de Sangue", é o facto de se distanciar muito do mundo real, não no que toca aos seres sobrenaturais, mas à velocidade a que as coisas acontecem. Sarah chega a Itália e consegue emprego logo no primeiro sítio onde procura; ela e Rangello conhecem-se há pouquíssimo tempo e já estão envolvidos, morando até juntos na mesma casa. Tudo acontece demasiado "a correr", e isso prejudica imenso a história. Tudo é muito irreal e torna-se difícil entrar no espírito da obra.

     Apesar de a leitura, para mim, ter sido decepcionante, isso não condiciona o facto de o leitor poder achar interessante. Devemos sempre dar uma oportunidade ao livro, para que possamos tirar as nossas próprias conclusões. No entanto, não tenciono acompanhar os próximos volumes desta série.

      A minha análise poderá parecer dura, mas tenho que ser sempre o mais sincera e honesta possível nas minhas opiniões, em sinal de respeito para com os meus leitores, para com a editora e até mesmo para com a autora. Porém, a minha opinião não deverá comprometer a leitura de outras obras desta escritora.



Música que aconselho para acompanhar a leitura: Pardon Me_He Is We

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