terça-feira, 9 de agosto de 2016

Opinião sobre "Naquela Ilha" - Ana Simão

Naquela Ilha
(Artigo de Opinião)


Autora: Ana Simão
ISBN: 978-989-754-267-1
Nº de páginas: 224
Editora: Marcador 


Sinopse


    
Uma ilha onde nada acontece.

Uma premonição.

Um destino implacável.

Uma jovem apaixonada por um homem mais velho.

Um farol cheio de segredos.

Uma história única.


O que separa o amor do resto do mundo?


Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Marcador Editora em troca de uma opinião sincera


Opinião


      Começo por agradecer à editora Marcador pelo gentil envio deste livro.

      Ana Simão apresenta-nos "Naquela Ilha", um livro com uma capa bonita e apelativa, e cuja ação se desenrola em território nacional - entre a costa de Peniche e a ilha da Berlenga - e que se foca no romance de Giovana e Leonardo.

    Giovana é uma jovem de vinte e três anos cujo coração pertence à ilha da Berlenga. Dá aulas de mergulho, tentando adiar ao máximo a proposta dos pais para trabalhar como bióloga no estrangeiro, pois não se quer separar da terra que tão bem conhece e que tanto ama. E a paixão por Leonardo vem reforçar os motivos que a prendem àquele local tão belo e puro.

    Leonardo, um homem com quase cinquenta anos, deprimido com o doloroso final de um casamento de vários anos, vê com agrado a possibilidade de se isolar na Berlenga, quando é destacado para trabalhar no farol Duque de Bragança, que fica na ilha. Solitário, vê a sua vida mudar quando conhece Giovana, uma jovem cheia de vida, por quem se apaixona perdidamente.

  A forma como os protagonistas se conhecem é, simultaneamente, improvável e mágica: a atração instantânea que ambos sentem é um pouco forçada e previsível, mas cria uma aura quase mística em torno da relação do casal. O amor que vão construindo é platónico e transmite a ideia de que não existem barreiras no que toca aos assuntos do coração, acabando a história por abordar o tema do preconceito das relações entre duas pessoas com grande diferença de idades. Esse aspeto agradou-me, uma vez que gosto quando os livros trazem uma mensagem subjacente e contribuem para a mudança de mentalidades.

    Paralelamente ao relato do romance, podemos encontrar também vários capítulos dedicados à dissecação da vida dos habitantes da ilha. É exposta, segundo a perspetiva da autora, a forma de pensar e de agir das pessoas que vivem num meio pequeno, isoladas do mundo e que, não contaminadas pela maldade presente na civilização, usam de um trato familiar, têm uma mente simplista e adoram saber - e comentar - da vida dos outros. Estas personagens secundárias, na sua ânsia de participar nas vidas de toda a gente, acabam por interferir várias vezes com a relação dos protagonistas, criando inclusive mal-entendidos desnecessários. Todavia, gostei da presença desta outra componente do livro - a vida da ilha -, pois alivia um pouco a carga do romance entre Giovana e Leonardo, trazendo leveza ao livro.

    Apesar de, desde o início, sermos preparados - através de uma premonição - para o desfecho do livro, fiquei surpreendida com o desenlace algo aberto das personagens e, mesmo não tendo conseguido criar uma empatia especial por nenhuma delas, fiquei satisfeita com o rumo da história e com o que a autora deixa reservado à imaginação do leitor

     Inicialmente, estranhei um pouco o estilo da escrita: causou-me alguma confusão a súbita alternância entre as perspetivas dos protagonistas e entre os  relatos na primeira e na terceira pessoa, sem qualquer marca de separação. A autora repete ainda algumas expressões várias vezes ao longo do livro e, embora se justifique essa repetição em muitas dessas situações, a leitura acaba por tornar-se um pouco cansativa. No entanto, achei positivo o facto de a trama nos ser servida em capítulos curtos.

      Nota-se o trabalho de pesquisa de Ana Simão através dos factos e dados históricos sobre a Berlenga que vamos encontrando entrelaçados na narrativa. Além disso, a forma como os cenários são descritos permite que, mesmo o leitor não conhecendo a ilha, consiga imaginar a beleza dos locais.

    "Naquela Ilha" é a história de um amor proibido, mas é também a história de uma pequena ilha e dos seus interessantes habitantes. Agradável e terno, este livro permite-nos viajar em território português, enquanto mergulhamos num sentimento tão singelo e profundo como o é o verdadeiro amor. Uma boa leitura!

 Música que aconselho para acompanhar a leitura: Love Story_Taylor Swift
(https://www.youtube.com/watch?v=8xg3vE8Ie_E)

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