quinta-feira, 8 de junho de 2017

Opinião sobre "A Sereia" - Kiera Cass

A Sereia
(Artigo de Opinião)


Autora: Kiera Cass
Título Original: The Siren (2016)
Tradução: Alexandra Cardoso
ISBN: 978-989-754-308-1
Nº de páginas: 272
Editora: Marcador


Sinopse

    O mesmo discurso foi feito centenas de vezes a centenas de lindas raparigas que entram na irmandade das sereias. Há anos que Kahlen segue as regras, esperando pacientemente pela vida que poderá considerar sua. Mas quando Akinli, um ser humano, entra no seu mundo, ela não consegue continuar a viver segundo as regras. De repente, a vida pela qual tem esperado não parece tão importante como a que está a viver agora.



     «Se tens estado pacientemente à espera de algo num mundo não relacionado com A Seleção, aqui o tens! Deram-me a oportunidade de reescrever o meu primeiro livro, A Sereia. Este conta a história de Kahlen, uma sereia, enquanto vive com as suas irmãs ao serviço de Oceano, afundando navios com o seu canto e mantendo em segredo o seu dom mortífero. Kahlen vai gerindo as coisas o melhor que se pode esperar de uma rapariga que está proibida de falar, cantar e rir, até conhecer Akinli, um rapaz ligado a Oceano à sua maneira. E então, a vida que ela poderia ter agora, ainda que breve e cheia de segredos, parece valer o risco, mesmo que isso signifique desistir do futuro para o qual tem trabalhado.» KIERA CASS


Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Marcador em troca de uma opinião sincera


Opinião

      Começo por agradecer à Marcador pelo gentil envio do livro.

   Depois do grande sucesso que foi a série A Seleção (opinião aqui), Kiera Cass teve a oportunidade de reescrever o seu primeiro livro, "A Sereia", que, como o nome indica, tem como base a mitologia ligada às sereias. Estava bastante curiosa com esta leitura, porém, mesmo tendo gostado da história, senti que faltava alguma coisa para tornar este livro especial.

    Com apenas dezanove anos, o barco em que Kahlen viajava é vítima de um naufrágio, após os passageiros se deixarem deslumbrar por um belo canto proferido por lindas jovens que caminham sobre a água. Sedenta por mais tempo de vida, faz um acordo com Oceano, prometendo servi-La durante cem anos, após os quais será novamente dona da sua vida e da sua liberdade. E é assim que Kahlen se torna uma sereia.


    Passaram-se oitenta anos e Kahlen continua jovem e bela. Todavia, tal como as suas irmãs sereias, carrega um fardo pesado: a sua voz é responsável por causar os naufrágios necessários, para que, das mortes humanas, Oceano se possa alimentar. Assim, apesar de viverem em terra, entre os seres humanos, as sereias deverão permanecer sempre em silêncio e assegurar-se de que ninguém sequer desconfia do seu segredo.

   Com apenas vinte anos de sentença pela frente, Kahlen sente-se dividida: se, por um lado, ama Oceano como a uma mãe, por outro odeia-A por a obrigar a ceifar vidas, o que a faz viver infeliz. Além disso, não sabe o que quer fazer com a sua vida assim que obtiver a sua liberdade. Ocupa os seus dias a pesquisar o máximo possível sobre as suas vítimas, lamentando cada morte que provocou, enquanto espera pela chamada de Oceano na altura da próxima canção.

   Tudo muda quando conhece Akinli, um rapaz meigo e doce, que se interessa por Kahlen e que consegue ver quem ela verdadeiramente é, quem está por detrás da sua aparência deslumbrante e sedutora. Mas ela conhece as regras: as sereias não se podem apaixonar por humanos enquanto forem servas de Oceano, ou isso poderá causar-lhes a morte... Será já demasiado tarde? Poderá algum dia Kahlen ter a oportunidade de amar o rapaz dos seus sonhos? Ou a sua paixão acabará por destruí-la? 

    O que mais gosto nos livros da Kiera Cass é a leveza com que narra a história. Tem uma escrita muito agradável, simples e fluída, que confere um ritmo muito rápido à leitura, e que facilita imenso a ambientação do leitor à história e às personagens. No entanto, comparando este livro com a série A Seleção, senti que faltava algo - uma certa maturidade -, quer na construção das personagens como dos cenários, para além de ter achado o romance bastante forçado. Também gostaria que Kiera tivesse explorado melhor o modo de vida das sereias, e as características que lhes são inerentes,

    Gostei da relação de Kahlen e Akinli, e compreendo que a autora desejasse demonstrar o poder do amor à primeira vista, mesmo sem palavras, mas faltou mais tempo e mais interação para que as personagens pudessem ter realmente criado a ligação que afirmavam sentir. Foi tudo muito apressado e quase superficial. Assim, apreciei as cenas protagonizadas pelos dois, por serem bastante carinhosas e divertidas, mas não me convenceram tanto quanto desejaria que o fizessem. 

    À semelhança do que aconteceu com A Seleção, é Kahlen quem conta a sua história e é fácil notar as diferenças e as semelhanças com America. À semelhança desta, tem uma personalidade forte, atribui um grande valor à amizade e luta pelo amor. Porém, em contraste com a irreverência e a rebeldia de America, Kahlen está habituada a ser uma sereia obediente e passiva, respeitadora das regras, conquistando deste modo a afinidade especial de Oceano. Apesar de não gostar de afogar pessoas, fá-lo sem questionar, e é só quando surge Akinli que começa verdadeiramente a questionar a posição de Oceano e as suas imposições. 

    Akinli aparece muito poucas vezes - o que reforça a ideia de que ele e Kahlen mal se conhecem -, por isso não chegamos a conhecê-lo suficientemente bem. Porém, das poucas interações que temos, é fácil reconhecer o seu carácter bondoso, meigo e carinhoso, motivo pelo qual gostava que a autora se tivesse debruçado mais sobre esta personagem.

   Personagens fundamentais nesta história são também as irmãs sereias de Kahlen - Elizabeth, Aisling, Miaka e Padma. Com personalidades bastante distintas, estas raparigas entendem-se na perfeição e o laço que a une, apesar de imposto, é verdadeiro e único. Todavia, foi de Oceano que mais gostei. Agradou-me a ideia de colocar as sereias ao serviço de uma entidade maior, e achei interessante a forma como a autora explorou a sua natureza misteriosa. 

    Este livro pretende ser, acima de tudo, um romance, e acaba por ser bastante previsível em alguns aspetos, nomeadamente no que toca ao final. No entanto, apesar de já suspeitar de qual seria o desfecho, estava curiosa quanto à forma como Kahlen iria contornar alguns obstáculos, e fiquei satisfeita com o modo como o fez - ainda que alguns pormenores devessem ter sido melhor explicados.

   "A Sereia" é uma leitura leve, ideal para os dias de Verão que se aproximam! Tem uma capa lindíssima, personagens que, embora por vezes pouco profundas, ainda assim conseguem cativar, e um toque mítico que seduz. Mesmo não tendo gostado tanto deste livro como desejava, este cumpre o seu papel: entretém e proporciona bons momentos de sonho, tendo sido por isso uma boa leitura.

 Música que aconselho para acompanhar a leitura: Miley Cryus_Malibu

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